Gestão de Riscos em Espaços Confinados: Um Guia Passo a Passo para Garantir a Segurança e Saúde dos Trabalhadores

Tiago Maciel
Tiago Maciel
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Conheça as melhores práticas e procedimentos para a gestão de riscos em espaços confinados e mantenha os trabalhadores protegidos de possíveis acidentes neste contexto de trabalho

gestão de riscos espaços confinados

Os espaços confinados representam um desafio significativo em termos de segurança e saúde ocupacional. Esses locais são caracterizados por restrições de entrada e saída, ventilação limitada e exposição a diferentes riscos, como falta de oxigênio, presença de substâncias tóxicas, inflamabilidade e potenciais armadilhas físicas.

Para assegurar um ambiente de trabalho seguro nesses locais, a NR-33 estabelece os requisitos mínimos para a identificação, avaliação e controle dos riscos em espaços confinados, além de definir as medidas de proteção e prevenção necessárias. Essa norma, emitida pelo Ministério do Trabalho e Emprego, tem como objetivo principal promover a segurança e saúde dos trabalhadores que realizam atividades em espaços confinados, bem como a prevenção de acidentes e doenças ocupacionais.

Nesse contexto, é essencial que os profissionais de Segurança do Trabalho estejam devidamente preparados para gerenciar esses riscos e garantir a integridade dos trabalhadores que realizam atividades em espaços confinados.

Neste artigo, vamos apresentar para você um passo a passo definitivo para orientar no sentido de gerenciar riscos em espaços confinados e garantir a segurança e saúde dos trabalhadores. Vamos juntos?

Gestão de riscos em espaços confinados: o passo a passo

Definição de espaço confinado e identificação dos riscos

Um espaço confinado é qualquer área ou local que possui limitações de entrada e saída, ventilação desfavorável e é projetado para a ocupação humana de forma intermitente. Identificar os riscos presentes nos espaços confinados é essencial para implementar as medidas adequadas de proteção.

A NR-33 também ressalta que esses espaços possuem características que podem representar riscos à saúde e segurança dos trabalhadores, tais como:

  • Riscos atmosféricos: incluem a presença de gases tóxicos, vapores inflamáveis, falta ou excesso de oxigênio, poeiras, fumos e névoas que possam comprometer a saúde e a integridade física dos trabalhadores;
  • Riscos físicos: estão relacionados às características estruturais do espaço confinado, como espaços estreitos, locais de difícil acesso, superfícies escorregadias, presença de objetos cortantes ou pontiagudos, entre outros, que podem causar acidentes e lesões;
  • Riscos químicos: envolvem a exposição a substâncias químicas perigosas, como produtos inflamáveis, corrosivos, tóxicos, irritantes ou cancerígenos, que podem causar danos à saúde dos trabalhadores;
  • Riscos biológicos: referem-se à presença de micro-organismos patogênicos, como bactérias, fungos, vírus, entre outros, que podem representar riscos à saúde dos trabalhadores, especialmente em espaços confinados onde há acumulação de materiais orgânicos.

A identificação dos riscos associados aos espaços confinados é fundamental para implementar medidas de controle adequadas e garantir a segurança e saúde dos trabalhadores durante a realização das atividades nesses locais. A avaliação cuidadosa das condições atmosféricas, estruturais e químicas do espaço confinado é essencial para estabelecer as medidas preventivas necessárias e garantir um ambiente de trabalho seguro.

Preparação para entrada em espaços confinados

A preparação adequada é crucial antes de qualquer entrada em espaço confinado. É necessário avaliar a necessidade de treinamentos específicos para a equipe que realizará a atividade, como o curso de NR-33 – Supervisor em Espaço Confinado, que fornece conhecimentos fundamentais sobre os procedimentos de segurança e prevenção de riscos nesses locais.

Além da necessidade de treinamentos específicos e da verificação dos equipamentos de segurança, outra etapa fundamental na preparação para a entrada em espaços confinados é a obtenção de uma Permissão de Entrada e Trabalho (PET). A PET é um documento que formaliza e autoriza a realização das atividades no espaço confinado, desde que sejam atendidas todas as medidas de segurança necessárias.

A PET é emitida pelo responsável pela supervisão das atividades no espaço confinado e deve conter informações detalhadas sobre a natureza das atividades a serem realizadas, os riscos identificados, as medidas de controle adotadas, os equipamentos de proteção individual e coletiva a serem utilizados, além dos procedimentos de entrada e saída do espaço confinado.

Ter uma PET é de extrema importância, pois ela garante que todas as etapas de preparação foram devidamente cumpridas e que a equipe está ciente dos riscos envolvidos e das medidas de proteção a serem adotadas. Além disso, a PET também serve como um meio de comunicação eficaz entre os responsáveis pela supervisão das atividades e a equipe de trabalho, permitindo o registro das informações relevantes e a garantia de que todos estejam alinhados quanto aos procedimentos a serem seguidos.

>> Confira aqui se é permitido trabalhar sozinho em espaços confinados de acordo com a NR-33 <<

Também é essencial verificar e utilizar corretamente os equipamentos de segurança, como equipamentos de proteção individual (EPIs) e equipamentos de proteção coletiva (EPCs), adequados às condições do espaço confinado. Por fim, a elaboração de um plano de resgate e a comunicação clara e eficiente entre todos os envolvidos também são etapas essenciais para garantir a segurança da equipe.

Monitoramento da atmosfera

O monitoramento da atmosfera em espaços confinados é uma etapa fundamental para a prevenção de acidentes. Através da realização de testes prévios, é possível identificar a presença de gases tóxicos, inflamáveis ou explosivos, bem como a falta de oxigênio.

De acordo com a NR-33, uma atmosfera ideal em espaços confinados é aquela que possui uma concentração segura de oxigênio, ausência de gases tóxicos acima dos limites permitidos e ausência de vapores inflamáveis em níveis perigosos.

A norma estabelece os seguintes parâmetros para a atmosfera em espaços confinados:

  • Concentração de oxigênio: A NR-33 determina que a concentração de oxigênio no espaço confinado deve estar entre 19,5% e 23,5%. Valores abaixo de 19,5% podem causar falta de oxigênio e colocar em risco a saúde e a vida dos trabalhadores. Já valores acima de 23,5% podem aumentar o risco de combustão;
  • Gases tóxicos: A NR-33 estabelece limites de exposição ocupacional para diferentes gases tóxicos, como monóxido de carbono, sulfeto de hidrogênio, amônia, entre outros. O monitoramento contínuo desses gases é essencial para garantir que suas concentrações estejam abaixo dos limites estabelecidos, evitando riscos à saúde dos trabalhadores;
  • Vapores inflamáveis: A presença de vapores inflamáveis em espaços confinados representa um risco significativo de incêndio e explosão. Portanto, é essencial realizar o monitoramento da presença de vapores inflamáveis, utilizando equipamentos adequados, como detectores de gases, para identificar e controlar esses riscos.

O monitoramento da atmosfera em espaços confinados deve ser realizado antes da entrada dos trabalhadores e durante toda a realização das atividades. Testes prévios devem ser realizados para garantir que a atmosfera esteja dentro dos limites seguros antes da entrada da equipe de trabalho.

Para isso, é necessário utilizar equipamentos adequados, como detectores de gases e medidores de oxigênio, que permitam o monitoramento contínuo da qualidade do ar, pois as condições atmosféricas podem mudar ao longo do tempo devido a vários fatores, como processos de trabalho, interação com materiais ou mudanças nas condições externas.

Controle dos riscos

Para garantir a segurança dos trabalhadores em espaços confinados, é necessário adotar medidas de controle eficazes. Considere as seguintes práticas:

  • Implemente práticas seguras de trabalho, como a realização de uma análise de riscos antes de cada atividade, o estabelecimento de procedimentos de trabalho seguros e a adoção de boas práticas de higiene;
  • Selecione e utilize adequadamente os EPIs necessários para proteger os trabalhadores dos riscos presentes no espaço confinado;
  • Instale sistemas de ventilação adequados para garantir uma atmosfera segura e controlar a temperatura e umidade;
  • Elimine ou minimize os riscos físicos, como superfícies escorregadias, objetos pontiagudos ou áreas de queda, por meio de medidas de engenharia apropriadas.

Além disso, a NR-33 ainda aponta algumas das recomendações, como:

  • Planejamento detalhado: É fundamental que as atividades em espaços confinados sejam cuidadosamente planejadas, levando em consideração os riscos específicos do local. Isso inclui a definição das tarefas a serem realizadas, a identificação dos riscos associados a cada etapa do trabalho e a determinação das medidas de controle apropriadas;
  • Ventilação adequada: A utilização de sistemas de ventilação é uma medida importante para controlar os riscos em espaços confinados. A ventilação adequada auxilia na remoção de gases tóxicos, vapores inflamáveis e na renovação do ar, proporcionando uma atmosfera mais segura para os trabalhadores;
  • Monitoramento contínuo: A NR-33 destaca a importância do monitoramento contínuo dos riscos em espaços confinados. Isso inclui o monitoramento da atmosfera, como mencionado anteriormente, bem como o monitoramento das condições estruturais do local, como a estabilidade das superfícies, a presença de substâncias perigosas, entre outros;
  • Comunicação efetiva: A comunicação clara e efetiva entre todos os membros da equipe é essencial para garantir a segurança em espaços confinados. Os trabalhadores devem receber instruções claras sobre os riscos envolvidos, as medidas de controle adotadas e os procedimentos de emergência a serem seguidos. Além disso, é importante que os trabalhadores sejam encorajados a relatar quaisquer problemas ou preocupações relacionados à segurança.

Ao adotar essas medidas de controle de riscos, é possível minimizar os perigos em espaços confinados e proteger a saúde e segurança dos trabalhadores. É importante ressaltar que a implementação dessas práticas deve ser realizada por profissionais capacitados, seguindo as diretrizes e recomendações estabelecidas pela NR-33 e outras normas aplicáveis.

Resgate em espaços confinados

O resgate em espaços confinados é uma situação de emergência que requer uma equipe treinada e preparada para agir rapidamente e com eficiência. É fundamental que a equipe de resgate possua o treinamento adequado, incluindo conhecimentos sobre os procedimentos de resgate, primeiros socorros e o uso de equipamentos específicos para resgate em espaços confinados.

Além disso, é essencial desenvolver um plano de resgate específico para cada espaço confinado, considerando os possíveis cenários de emergência e as medidas a serem tomadas em cada caso. A realização de exercícios de simulação de resgate regularmente é fundamental para testar a eficácia do plano de resgate e treinar a equipe, garantindo a segurança dos trabalhadores em situações de emergência.

Se você deseja saber mais os principais tipos de resgate em espaços confinados, não deixe de ler o nosso artigo sobre este tema.

O gerenciamento de riscos em espaços confinados é de extrema importância para garantir a segurança e saúde dos trabalhadores. Com as informações apresentadas neste passo a passo, os profissionais de Segurança do Trabalho têm um roteiro claro para identificar, avaliar e controlar os riscos associados a espaços confinados.

É essencial que todos os envolvidos estejam cientes dos procedimentos de segurança e prevenção, além de possuírem o treinamento adequado para realizar atividades nesses ambientes desafiadores.

A Beta Educação se preocupa com a segurança dos trabalhadores e oferece o curso de NR-33 – Supervisor em Espaço Confinado, que fornece o conhecimento necessário para a gestão segura desses espaços.

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