Gestão de NRs como ferramenta para reduzir processos trabalhistas

Tiago Maciel
Tiago Maciel
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Tempo de leitura de 6 minutos

A gestão de NRs é um dos instrumentos mais eficazes para reduzir processos trabalhistas e fortalecer a segurança jurídica das empresas. Em um cenário em que o número de ações por acidentes e doenças ocupacionais cresce continuamente, administrar corretamente as Normas Regulamentadoras deixou de ser apenas uma exigência legal. Hoje, é uma estratégia de proteção financeira, organizacional e reputacional.

De acordo com o Tribunal Superior do Trabalho (TST), o Brasil registra, em média, 2,5 mil novos processos trabalhistas por dia relacionados a falhas de segurança ou ausência de controle sobre as normas. Portanto, adotar uma gestão eficiente de NRs é a diferença entre prevenir problemas e arcar com custos milionários.

Assim, investir em gestão de NRs não significa apenas cumprir a legislação. Significa evitar perdas, reduzir riscos e criar um ambiente de trabalho mais seguro e produtivo.

O custo invisível da má gestão

Em primeiro lugar, é importante compreender que a ausência de uma gestão estruturada gera prejuízos muito além do óbvio. Cada treinamento vencido, cada documento não atualizado e cada EPI sem registro são brechas legais.

Além disso, pequenas falhas administrativas podem se transformar em processos complexos e caros. Segundo o SmartLab (MPT e OIT), apenas em 2023, afastamentos por acidentes de trabalho custaram mais de R$ 30 bilhões à Previdência Social.

Consequentemente, parte significativa desse valor retorna às empresas em forma de indenizações, multas e custos com litígios.

Outro ponto relevante é o impacto sobre o clima interno. Colaboradores que percebem descuido com segurança tendem a se sentir desvalorizados. Isso gera aumento da rotatividade e queda de engajamento. Portanto, a falta de gestão de NRs afeta tanto o financeiro quanto o emocional da organização.

A visão tradicional: cumprir a norma para evitar multa

Durante muito tempo, a cultura empresarial brasileira foi baseada na ideia de que “cumprir a norma” era suficiente. Dessa forma, muitas empresas focavam apenas em relatórios e auditorias pontuais.

No entanto, essa abordagem é limitada. Ela ignora o fato de que as Normas Regulamentadoras não são apenas regras, mas ferramentas para proteger pessoas e reduzir riscos operacionais.

Além disso, quando a gestão é feita apenas para atender uma fiscalização, perde-se o caráter preventivo. Assim, os problemas só são tratados depois que acontecem — e é justamente nesse momento que eles se tornam caros.

A visão estratégica: conformidade inteligente e preventiva

Por outro lado, a gestão estratégica de NRs é contínua e integrada à rotina da empresa. Em vez de ser uma ação pontual, ela se torna parte da cultura corporativa.

Assim, os treinamentos são planejados, os laudos são monitorados e os registros são digitalizados para garantir rastreabilidade. Além disso, a liderança participa ativamente do processo, demonstrando comprometimento com a segurança.

Quando essa integração ocorre, os resultados aparecem. Empresas que adotam uma gestão proativa observam reduções significativas em multas, afastamentos e processos trabalhistas.

De acordo com o SindusCon-SP, companhias que implementaram programas de gestão integrada de segurança reduziram em 37% o número de ações trabalhistas relacionadas a acidentes.

Consequentemente, a conformidade deixa de ser obrigação e se transforma em vantagem competitiva.

Exemplos práticos de como a gestão de NRs evita processos

NR-6 – Equipamentos de Proteção Individual

Manter o controle digital das entregas de EPIs garante rastreabilidade e evita alegações de negligência. Além disso, quando há comprovação documental de treinamento e uso adequado, a responsabilidade da empresa é protegida.

NR-7 – Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO)

Manter exames admissionais e periódicos em dia é fundamental. Assim, a empresa comprova que monitora a saúde do trabalhador e reduz riscos de processos por doenças ocupacionais.

NR-9 – Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA/PGRO)

A ausência de laudos ambientais é uma das principais causas de condenações. Por outro lado, empresas que atualizam seus relatórios periodicamente conseguem demonstrar que atuam de forma preventiva.

NR-17 – Ergonomia

Lesões por esforço repetitivo (LER/DORT) estão entre as maiores causas de ações trabalhistas. No entanto, ao investir em ergonomia, adequar postos de trabalho e documentar as melhorias, a empresa reduz em até 40% as ocorrências, segundo o Instituto Nacional de Prevenção de Acidentes (INPA).

NR-35 – Trabalho em Altura

A comprovação do treinamento e da aptidão médica é essencial em caso de queda. Assim, empresas com registros digitalizados conseguem se defender com facilidade.

Portanto, uma gestão eficiente das NRs é, ao mesmo tempo, escudo e argumento jurídico.

ROI da boa gestão de NRs

Além de reduzir riscos, a gestão de NRs traz retorno financeiro direto. Um estudo da Fundação Getúlio Vargas (FGV) mostra que cada R$ 1 investido em segurança gera, em média, R$ 4,50 em economia com passivos e custos operacionais.

Além disso, empresas com programas sólidos de segurança registram:

  • 25% menos custos com litígios trabalhistas;
  • 35% menos afastamentos por acidentes;
  • 50% menos tempo gasto com auditorias e fiscalizações.

Ou seja, o retorno é comprovado em todos os aspectos.

Cultura preventiva: o elo entre gestão e resultado

Gestão de NRs eficiente e cultura de segurança caminham juntas. Quando os colaboradores entendem que segurança é valor — e não obrigação —, o comportamento muda.

Além disso, equipes bem treinadas cometem menos erros, geram menos incidentes e se tornam aliadas da empresa. Assim, o impacto é perceptível: o número de processos diminui e a reputação organizacional cresce.

Portanto, investir em cultura é investir em prevenção.

Impacto para gestores e RH

Gestores e profissionais de RH são protagonistas na manutenção da conformidade. São eles que garantem o acompanhamento dos treinamentos, dos exames e das documentações.

Além disso, o RH é responsável por medir indicadores de desempenho em SST, permitindo uma visão preditiva. Assim, é possível identificar vulnerabilidades antes que se transformem em passivos.

De acordo com a ABRH Brasil, empresas que envolvem o RH na gestão de segurança reduzem em até 30% o volume de litígios trabalhistas.

Consequentemente, o investimento em capacitação e controle traz economia real.

Conclusão

A gestão de NRs é muito mais do que uma obrigação legal. Ela é uma ferramenta estratégica de economia e proteção. Quando bem aplicada, reduz custos, evita ações judiciais e fortalece a imagem da empresa como um ambiente seguro e responsável.

Além disso, cria uma cultura preventiva que protege vidas e resultados.

Portanto, se sua empresa ainda enxerga a gestão de NRs como burocracia, está perdendo a oportunidade de transformar conformidade em vantagem competitiva.

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