A história da eletricidade no Brasil e a formação do profissional eletricista
Tabela de conteúdo
- O surgimento da eletricidade no Brasil e do profissional eletricista
- 1. Quando surgiu a energia elétrica no Brasil?
- 2. Quando surgiram a primeira termelétrica e a primeira hidrelétrica no Brasil?
- 3. Quando surgiram as primeiras regulamentações do setor elétrico?
- 4. Como se deu a regulamentação do profissional eletricista no Brasil?
- O contexto do eletricista no Brasil nos dias de hoje
Apesar de o Brasil ser um dos pioneiros ao adotar a eletricidade e hoje em dia ser um dos maiores produtores de energia elétrica do mundo, os profissionais que lidam com eletricidade ainda estão muito ligados à informalidade e, por isso, suscetíveis a acidentes

No Brasil, no dia 17 de outubro, é celebrado o Dia do Eletricista. Esse profissional é aquele responsável pela instalação, manutenção e segurança das redes elétricas em empresas, residências e espaços públicos. Para isso, ele deve ter conhecimento sobre como instalar e fazer manutenções de redes elétricas ou componentes com a eletricidade de um local.
É um fato que desde quando a eletricidade foi descoberta, ela passou a ser indispensável no cotidiano de quase todas as pessoas do mundo, uma vez que ela está presente tanto nas lâmpadas quanto no uso de aparelhos eletrônicos. Hoje em dia é praticamente impossível viver sem ela, e o eletricista tem o papel essencial de ser um mediador para que tenhamos acesso à energia de forma segura e eficiente.
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No nosso país, foi a partir da década de 1940 que surgiram as primeiras normas para instalações elétricas que foram revistas cerca de duas décadas mais tarde. Com o avanço das tecnologias e de novas formas de acesso a eletricidade, essas normas tiveram outras três revisões: uma em 1980, outra no início da década de 1990 e, a última, em 1997.
Agora que você já conhece um pouco mais sobre essa profissão no Brasil, vamos nos aprofundar sobre a origem da homenagem a esses profissionais, além do que é necessário para se tornar um eletricista? Confira abaixo:
O surgimento da eletricidade no Brasil e do profissional eletricista
Embora existam poucas informações disponíveis sobre a origem do Dia do Eletricista, é preciso dizer que esses há uma diferenciação entre a celebração do dia 17 de outubro, e a do dia 23 de novembro, quando se é comemorado o dia do Engenheiro Eletricista.
A eletricidade já está presente na humanidade há alguns milhares de anos. Para se ter uma ideia, de acordo com a Revisa Ensino de Engenharia (volume 30, 2011), em torno de 2.500 a.C. o povo sumério já tinha conhecimento da existência da eletricidade e de materiais condutores, como o cobre, o ferro e a prata.
Enquanto isso, no Oriente, os chineses também já conheciam a eletricidade promovida pela pedra magnética por volta de 2.637 a.C., no governo do imperador Huan-Ti. Apesar disso, foi só durante o século XIX que foram impulsionadas a geração e a transmissão de energia elétrica na Europa durante a Revolução Industrial, fato que gerou aumento na produção em massa devido à evolução tecnológica da sociedade.
No Brasil, alguns fatos históricos foram determinantes quanto à disseminação da eletricidade no país:
1. Quando surgiu a energia elétrica no Brasil?
A eletricidade chegou ao Brasil em 1879, no mesmo ano da invenção da lâmpada por Thomas Edison. Nesse ano, D. Pedro II concedeu ao cientista a permissão para implementar sua invenção no país para fins de iluminação pública.
O primeiro espaço que recebeu luz elétrica no Basil foi a Estação Central da Estrada de Ferro D. Pedro II, no Rio de Janeiro. A primeira fonte de energia usada, curiosamente, foi por um dínamo acionado por locomóveis (máquinas a vapor usadas para transportar cargas pesadas).
Para efeitos de registo histórico, no entanto, a primeira iluminação pública externa só foi instalada dois anos depois, em 1881, em um trecho da atual Praça da República, no Rio de Janeiro. Quatro anos depois da chegada da eletricidade no país, em 1883, foi inaugurado em Campos dos Goytacazes o primeiro serviço público de iluminação do Brasil e da América do Sul.
2. Quando surgiram a primeira termelétrica e a primeira hidrelétrica no Brasil?
A primeira termelétrica surgiu também na região de Campos, com uma capacidade total de 52 kW, capaz de abastecer 39 lâmpadas na iluminação pública da cidade. Já a primeira usina foi construída em Arroio dos Ratos, no Rio Grande do Sul, tendo operado entre os anos de 1924 e 1926.
Foi em um afluente do rio Jequitinhonha que começou a operar, em 1883, a primeira central hidrelétrica do país com o intuito de atender serviços de mineração em Diamantina, Minas Gerais. Já a primeira usina hidrelétrica de grande porte a de Marmelos-Zero, com 250 kW de potência, só surgiu em 1889, em Juiz de Fora, no mesmo estado.
O Brasil é um dos únicos no mundo que tem majoritariamente a força das águas como matriz energética, representando 60% do total da eletricidade no país. Um marco que não deve ser deixado de lado foi a inauguração da Usina de Itaipu, em Foz do Iguaçu, no Paraná, em 1984. Ela levou o título de maior barragem do mundo por mais de duas décadas, e é líder mundial na produção de energia limpa e renovável, com 2,76 bilhões de MWh gerados entre 1984 e 2000.
3. Quando surgiram as primeiras regulamentações do setor elétrico?
A primeira lei sobre energia elétrica no país foi sobre o aproveitamento da energia hidrelétrica para fins públicos, em 1903. Apesar disso, as primeiras regulamentações mais amplas só chegaram com a implantação do Código das Águas, em 1934, que transformou a relação do Estado com a indústria de energia elétrica.
Depois disso, a regulamentação passou por várias fases:
- Em 1939 foi criado o Conselho Nacional de Águas e Energia Elétrica (DNAEE), que pautava questões tarifárias e o plano de conexão das usinas.
- Em 1960, foi criado o Ministério de Minas e Energia, e em 1962, a Eletrobrás. Esse último promoveu um intenso processo de nacionalização e estatização por meio de grandes investimentos
- No início da década de 1990, a situação de inadimplência das empresas de energia era insustentável, e, em 1995, foi promulgada a Lei de Concessões, que abriu espaço para a desnacionalização de vários setores de infraestrutura, incluindo o elétrico.
- Em 1996 foi criada a Aneel – Agência Nacional de Energia Elétrica, que regulava e fiscalizava a produção, transmissão e distribuição de energia elétrica no país.
- Foi só em 1998, com a criação do Ambiente de Contratação Livre (ACL) que surgiu o Mercado Livre de Energia, permitindo o consumidor negociar diretamente com o gerador ou comercializador de energia elétrica.
4. Como se deu a regulamentação do profissional eletricista no Brasil?
Pouca gente sabe, mas o eletricista não é uma profissão no Brasil. Essa é a realidade do ponto de vista oficial, já que a função não consta na Listagem das Profissões Regulamentadas do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). Um dos pré-requisitos para que uma atividade seja considerada uma profissão é ter formação em curso reconhecida pelo Ministério da Educação (MEC), o que não acontece no caso destes profissionais.
Portanto, a profissão de eletricista não existe de fato e de direito no Brasil; o que existe é o profissional técnico, que usualmente é capacitado em escolas técnicas. Mesmo assim, não se forma eletricista, e sim um técnico em eletricidade. Você deve estar se perguntando: “Como uma atividade tão antiga, tão necessária e tão importante para a civilização anda sem regulamentação no país?”.
Os motivos podem ser muitos, mas podemos afirmar aqui que isso não impede que essa seja uma classe de profissionais atuantes no país. A estimativa extraoficial é de que existam de 100 a 500 mil eletricistas – mas é certo que esse número é muito maior.
O contexto do eletricista no Brasil nos dias de hoje
Em entrevista à Revista Potência, o sócio-diretor do Grupo HMNews afirma que, na cadeia de construção civil, o eletricista está entre as três ou quatro atividades mais bem remuneradas. Isso ainda é reiterado pelo levantamento feito pelo jornal Correio 24 Horas, que apontou que eletricistas conseguem ganhar até R$ 5 mil/mês, no período do início de 2018.
Além disso, o leque para o profissional eletricista no mercado de trabalho é bem amplo, com muitas oportunidades na construção civil, em telecomunicações, e na indústria eletroeletrônica, só como exemplo. Por outro lado, a falta de regulamentação nesta área ainda é muito grande, o que gera informalidade e um alto número de acidentes para essa classe de profissionais.
Só para se ter uma ideia, a Associação Brasileira de Conscientização para os Perigos da Eletricidade (Abracopel) divulgou que, de 109 trabalhadores brasileiros que morreram em serviço em 2014, 29 eram eletricistas.
>> Confira no nosso artigo as 5 principais causas de acidentes com eletricidade <<
De acordo com Antonio Maschietto Jr, diretor-executivo do Instituo Brasileiro do Cobre, “a NR-10, norma que tem como caráter regulamentar todos os serviços que envolvam eletricidade e seus riscos, garante a saúde e a segurança dos que estão direta e indiretamente ligados a essa atividade, mas nem sempre é aplicada, como ilustram os dados”.
A Beta Educação acredita que, em um país que foi um dos pioneiros em eletricidade, é preciso olhar com atenção para a saúde e segurança destes profissionais de acordo com a NR-10.